Em pleno Setembro Amarelo, NuPISaúde realiza palestra sobre assédio moral e risco suicida no trabalho do policial civil
Em pleno Setembro Amarelo, NuPISaúde realiza palestra sobre assédio moral e risco suicida no trabalho do policial civil
No mês em que se comemora o chamado Setembro Amarelo, mês dedicado à prevenção do suicídio, o NuPISaúde (Núcleo de Pesquisa e Intervenção em Saúde do Policial Civil do Rio de Janeiro), do SINDPOL-RJ e da COLPOL-RJ, fez questão de realizar uma palestra com essa temática.
Na manhã desta 6ª feira, 14/09, aconteceu na Sede Cultural da COLPOL-RJ, a palestra “Trabalho e Saúde do Policial Civil: entre o assédio moral e o risco suicida”. Ministrada pelo Profº Doutor Fernando Gastal, da UFRJ, a palestra falou sobre a íntima relação entre o assédio moral sofrido/vivenciado pelos trabalhadores e o risco de esse profissional vir a cometer suicídio: “Não são coisas separadas de forma alguma. O ato suicida é um processo. E, nesse sentido, o assédio moral rotineiro, sistêmico vivenciado por esse profissional é claro que abala física e emocionalmente a pessoa. Desestrutura, expõe, fragiliza, desgasta a pessoa. Por isso, não adianta falarmos apenas do suicídio, apenas. Temos que tratar analisar, compreender e mudar esse ambiente de trabalho que adoece as pessoas”, afirmou Fernando.
Segundo ele, as relações de trabalho na polícia civil e militar são extremamente preocupantes. Estresse, exaustão, comprometimento psíquico e ideação suicida são características comuns entre esses profissionais. Ele enxerga com clareza que não é fácil mudar esse quadro. Requer mudanças estruturais na organização desse trabalho, mudanças essas que têm a ver com questões políticas, muitas vezes. Mas, aconselha ele: se mudar essa estrutura é difícil e mais demorado, o que precisa ser feito é o olhar mais atento ao indivíduo e às relações sociais estabelecidas entre esses profissionais, entre esses colegas de trabalho.
Para a psicóloga Natalia Troise, coordenadora do Núcleo de Pesquisa e Intervenção em Saúde do Policial Civil, a fala de Fernando foi precisa e necessária: “Nos atendimentos clínicos que fazemos aqui na COLPOL, sempre temos policiais com essas características. A dura realidade profissional deles afeta a saúde, o trabalho, a família. E para esses profissionais às vezes é até mais difícil porque eles são policiais 24h do dia. Não chegam em casa e deixam de ser. Não estão nas ruas, de folga, e deixam de ser. Então, o estresse do trabalho os acompanha o tempo inteiro. E isso é muito desgastante, claro. Por isso, falar sobre o tema é sempre muito bom. É bom que saibam que existe o NuPISaúde, da COLPOL/SINDPOL, é bom que saibam que existe agora também o NusmePol. Até pouco tempo atrás, não hiavia, por exemplo, psiquiatra na Policlínica que atende os policiais. E isso diz muito sobre como se olha, como se trata a questão psicológica, emocional desses profissionais. Agora, que bom, já tem um psiquiatra lá, além dos psicólogos. É um processo, um caminho. Falar, se informar, buscar ajuda. Isso tudo é importante”, afirmou Natália.