Matéria sobre as viaturas da PCERJ
O SINDPOL RJ – Sindicato dos Policiais Civis do Estado do Rio de Janeiro recomenda a todos os policiais civis que não utilizem viaturas policiais que não estejam fielmente adequadas ao que determina a legislação vigente, no tocante ao seu licenciamento anual, condições de funcionamento e segurança veicular.
Toda viatura policial que não esteja devidamente licenciada junto ao DETRAN/RJ ou que apresente condições irregulares de funcionamento e/ou segurança deve ser imediatamente encaminhada ao Setor de Transportes da PCERJ, para resolução do problema, devendo tal fato ser consignado no RCA da unidade policial.
Quem tem por missão apurar infrações não pode promovê-las.
Utilizar viatura policial em condições irregulares de funcionamento e/ou segurança é arriscar a vida e a saúde daqueles cuja proteção é a nossa inafastável e inolvidável missão.
Agradecemos à jornalista Roberta Trindade, do jornal O Dia, pela corajosa matéria e ao antropólogo Lênin Pires, da UFF, pela lucidez com que constatou o descompromisso dos gestores da Segurança Pública com tão relevante questão.
Polícia boa e barata não existe.
Polícia boa e eficiente custa caro.
Quando é barata, acaba, ao final, saindo mais cara ainda para a Sociedade.
Mais de 90% da frota da Polícia Civil reprovada em vistoria do Detran
Na última segunda-feira, dia 22 de agosto, o Departamento de Trânsito do Estado do Rio de Janeiro (Detran-RJ) começou uma vistoria nas viaturas da Polícia Civil. Nos cinco primeiros dias, 95% das viaturas foram reprovadas. Em uma das análises feitas em quatro delegacias, de um total de 20 viaturas, apenas três foram aprovadas.
As outras apresentavam problemas como ausência de lacre nas placas, parabrisa quebrado, pneus carecas e extintores fora da data de validade. Um dos carros da 39ª DP (Pavuna) tinha o parachoque amarrado com um arame.
O Sindicato dos Policiais Civis do Estado do Rio de Janeiro (SINDPOL RJ) encaminhou ofício à Chefia de Polícia solicitando que a vistoria seja estendida às viaturas também das especializadas e das delegacias do interior.
Os primeiros itens analisados são os de segurança – como farol, seta, pneu, extintor, macaco, vidros, parachoque e parabrisa. Por último, é feita a medição de emissão dos gases poluentes. No entanto, o veículo não passa por essa análise se não for aprovado na etapa inicial.
“Que não tem condições de continuar trabalhando com esses carros assim a gente sabe há muito tempo, mas também a Polícia não pode ficar a pé, senão vai parar tudo. Por isso, a Chefia e o Governo tëm que fazer alguma coisa rápido”, enfatizou um inspetor que, temendo represália, pediu para não ter a identidade divulgada.
“Os carros são tão ruins que já nos deixaram na mão até em operação. Houve uma vez em que tive dificuldade para sair do carro durante um tiroteio porque a minha porta não abria. Quase fui baleado”, revelou outro policial.
A vistoria teve início na 27ª DP (Vicente de Carvalho), onde todas as seis viaturas foram reprovadas. A 38ª DP (Brás de Pina) também teve todos os veículos, num total de cinco, reprovados, seguida pela 39ª DP, onde foi constatado que nenhuma das seis viaturas tinha condições de tráfego.
A última delegacia vistoriada foi a única com todos os carros aprovados pelo Detran: a 44ª DP (Inhaúma), que possui três Renault Sandero.
“É comum a gente tirar dinheiro do nosso próprio bolso para consertar as viaturas. Trocar pneu, pastilhas de freio, óleo e até resolver pequenos problemas elétricos”, ressaltou outro inspetor.
Nos cinco primeiros dias, 59 viaturas de 11 delegacias foram vistoriadas e 38 foram reprovadas. A assessoria de comunicação da Polícia Civil afirmou que já começou o reparo de todos os problemas detectados, mas não especificou um prazo para conserto de toda a frota reprovada na vistoria.
O engenheiro civil José Jairo Araújo, especialista em Engenharia de Tráfego da Universidade Federal Fluminense (UFF), explicou que o motorista não é o único culpado em um acidente de trânsito.
“Se costuma colocar a culpa de todo acidente de trânsito no condutor do veículo, mas há outros fatores que podem contribuir, como sinalização, conservação da via e estado do automóvel”, disse.
O antropólogo Lênin Pires, pesquisador do Instituto de Estudos Comparados em Administração Institucional de Conflitos (InEAC) da UFF, destacou que o descaso com as viaturas é mais uma demonstração de como representantes do Estado acreditam estar à margem da lei a que a sociedade está submetida.
“Coloca em risco a vida dos agentes e da população, mas o mais grave é que é um exemplo de como as agências de Segurança Pública acreditam não estarem submetidos às mesmas regras que nós”, declarou.