POLÍCIA CIVIL DO RIO A BEIRA DE UM COLAPSO
POLÍCIA CIVIL DO RIO A BEIRA DE UM COLAPSO
PCERJ tem fuga em massa de bons policiais para outros órgãos.
31/03/2012 – SindpolRJ
Os números são assustadores. Entre maio de 2011 e março de 2012 (até 20/03), portanto em menos de 1 ano, 432 policiais deixaram a Polícia Civil do Rio de Janeiro, seja pela aposentadoria ou exoneração a pedido. A contagem é exata e tem como fonte o Diário Oficial do Estado.
Esse número tende a piorar nos próximos meses. No atual concurso da Polícia Rodoviária Federal (PRF) existem mais de 50 policiais civis do Rio de Janeiro aprovados e realizando os testes finais para tomarem posse e mudar de instituição. A Polícia Federal e o Tribunal de Justiça do Rio abriram seus concursos recentemente e tradicionalmente levam juntos em média 30 policiais civis do Rio de Janeiro, número esse tirado dos últimos concursos desses órgãos.
A novidade fica por conta do atual concurso de Inspetor Penitenciário da SEAP/RJ. Tradicionalmente a Polícia Civil do Rio de Janeiro atrai servidores da SEAP/RJ, porém este ano a coisa inverteu. É grande o número de policiais civis que dizem estar realizando inscrições para fazer o concurso da SEAP/RJ, algo inédito. Isso tem explicação no atual salário de Inspetor Penitenciário, que apesar de exigir nível médio, é bem maior do que o salário de Inspetor da Polícia Civil do Rio, de nível superior.
Neste atual cenário, ao somarmos os policiais civis que já estão no tempo para pedir aposentadoria e os policiais civis que podem pedir exoneração por passarem em outros concursos, colocando neste número os concursos que ainda vão ser realizados, como para o TRT e TRE, o cálculo chega a 500 policiais civis que podem sair da atividade até o fim deste ano. No total, somando com os 432 que já saíram, são 932 policiais civis que vão deixar a instituição até dezembro de 2012, o que vai gerar um colapso na Polícia Civil do Rio de Janeiro.
Em números atuais, a Polícia Civil do Rio tem atualmente apenas 7.759 agentes de investigação em atividade (6 pilotos policiais, 5.428 Inspetores de Polícia, 1.358 Oficiais de Cartório Policial e 967 Investigadores de Policia) e o número total de cargos existentes por lei é de 20.024 agentes, uma defasagem de 12.265 policiais civis que, apesar do atual concurso de Inspetor aberto, com oferta de 600 vagas, tende a aumentar por conta da grande fuga de servidores da instituição policial.
O grande número de policiais civis que deixam a Polícia Civil do Rio ou pedem aposentadoria tem basicamente um único motivo: o salário. Quando comparado a outros cargos estaduais de mesmo nível escolar (superior), os policiais civis recebem o pior salário do Estado. Quando comparado a nível nacional, os policiais civis do Rio de Janeiro recebem o segundo pior salário do Brasil.
A sobrecarga de serviços aos policiais civis que ficam já aumenta a cada dia, prejudicando as investigações e a qualidade dos trabalhos. Caso não haja uma política urgente de valorização dos policiais civis no Rio, um colapso institucional será questão de tempo, o que vai gerar conseqüências inimagináveis para a população carioca. Os bons agentes policiais que abandonaram a instituição são perdas irreparáveis e o atual quadro funcional pode não aguentar ainda mais perdas.
O SINDPOL RJ denuncia e luta pela mudança deste cenário. A probabilidade de uma crise estrutural na Polícia Civil do Rio é grande. Esperamos uma política de valorização urgente dos agentes policiais dessa instituição milenar, que é o alicerce do Poder Judiciário Estadual e está com sua base jogada a própria sorte.