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SINDPOL-RJ e COLPOL-RJ realizam mais uma palestra do Núcleo de Pesquisa e Intervenção em Saúde

Sindpol RJ Comente 14.05.18 1399 Vizualizações Imprimir Enviar

Aconteceu na manhã desta 2ª feira, 14/05, na sede da COLPOL, a palestra “O Sofrimento Psíquico do Policial Civil do Estado do Rio de Janeiro: Vamos falar sobre isso?”

De iniciativa do SINDPOL-RJ e da COLPOL-RJ, o evento teve como objetivo falar sobre a importância do cuidado com a pessoa, com o profissional policial civil.

A palestrante convidada foi a Profª Drª Dayse Miranda, coordenadora do Grupo de Estudo e Pesquisa em Suicídio e Prevenção (GEPeSP).  Na abertura do encontro, ela parabenizou tanto a Coligação quanto o SINDPOL por terem tido a iniciativa de criar o Núcleo: “Faço questão de dar os parabéns à COLPOL e ao SINDPOL pela coragem de inovar e pela ousadia de quererem crescer através do conhecimento e da disseminação de informação. A criação do Núcleo de Pesquisa e Intervenção em Saúde é louvável e importantíssima. E que bom, agora essa semana também a própria instituição, a própria PCERJ também lançou um núcleo de saúde mental. São conquistas que merecem ser comemoradas”, afirmou Dayse.

Marcio Garcia, presidente do SINDPOL, ratificou a preocupação constante com os policiais: “Essa nossa luta é antiga. A preocupação com a saúde mental do nosso policial civil é antiga. Já vínhamos chamando a atenção da mídia e das autoridades competentes para essa questão. Tanto é que já tínhamos inaugurado nosso Núcleo de Pesquisa e Intervenção. E, após uma luta ferrenha, semana passada, tivemos também a inauguração do núcleo de saúde mental da PCERJ. Ele vem se somar ao núcleo que já funciona nas entidades. É mais uma vitória da categoria, que bom. Após 210 anos, a PCERJ, nossa instituição bicentenária, agora tem um núcleo para fazer atendimento psicológico e psiquiátrico.”

Em sua fala, Dayse falou o quanto é importante estar atento aos sinais de possíveis problemas de ordem emocional aflorando e, acima de tudo, a importância de espaços de acolhimento preparados para receber esses profissionais. “Além disso, quanto mais falarmos sobre o assunto, melhor. Mais visibilidade  o tema terá. Não dá é para fingir que ele não existe.”

Segundo ela, no âmbito do trabalho, alguns pontos sabidamente contribuem para a insatisfação, desvalorização e falta de identificação da pessoa com o trabalho desenvolvido. Entre eles estão: grau de automação elevado das tarefas, muita responsabilidade e nenhuma autonomia, monotonia. Em suas palavras, “quanto mais rigidez e hierarquia, menos bem-estar no campo do trabalho e na vida pessoal desse indivíduo.”

A longo prazo, a manutenção desse quadro aliado à falta de cuidado com a pessoa, se transforma em sentimento de solidão, insatisfação constante, propensão à agressividade, tédio, angústia, isolamento, desgaste. Tudo isso, claro, altera o equilíbrio psíquico dessa pessoa, desse trabalhador.

Em se tratando do policial civil, soma-se ao quadro, agravando a situação, a constante exposição à violência. Na amostragem da pesquisa citada por Dayse, foram entrevistados 924 policiais civis. Desse total, 22% apresentavam sofrimento psíquico, sendo que os que atuam na Baixada Fluminense foram os que mais apresentavam os sintomas.

Outro dado impactante deixa bem claro o quanto a crise do governo estadual e o sucateamento das condições de trabalho impactam a vida desse profissional. Segundo ela, de 2010 a 2015, foram registrados 2 casos de suicídio por ano. A partir de 2016, com o agravamento da crise, tivemos, por ano, o registro de 4 casos.

“A banalização com a morte desses profissionais é absurda. E isso também adoece e impacta a vida de outras pessoas, de familiares e também de colegas de trabalho. Quando há um caso de suicídio, há que se fazer um trabalho de apoio a todo o grupo social envolvido, seja familiar, amigo, colegas de trabalho. Em São Paulo e nos EUA, por exemplo, as polícias fazem o trabalho de posvenção. Aqui, isso não é feito. E isso faz toda a diferença porque a posvenção é um cuidado, um ato apropriado e de ajuda que é feito com essas pessoas do entorno logo após o suicídio de alguém. Esse trabalho ajuda a minimizar, ou pelo menos, saber lidar melhor com a situação de sofrimento e ajuda também a ressignificar essa perda”, afirmou Dayse.

Para ela, o que se tira de lição disso tudo é a certeza de que um dos caminhos é a prevenção, o cuidado, o olhar atencioso a quem trabalha e quem sofre.

A psicóloga Natalia Troise, coordenadora do Núcleo de Pesquisa e Intervenção em Saúde do Policial Civil, comentou a explanação de Dayse: “Isso tudo nos mostra a necessidade de uma mudança cultural mesmo dentro das instituições e das políticas públicas. Um olhar mais atento, a formação de multiplicadores que ajudem nesse olhar, nessa rede de apoio e nesses espaços de escuta.”

O Inspetor Ademir, um dos 70 participantes da palestra, fez questão de dar um depoimento espontâneo: “Anos atrás, fui vitimado por uma depressão. E posso dizer que não encontrei apoio na instituição. Encontrei apoio de minha chefia direta e isso foi muito importante. Que bom que agora começam a existir esses núcleos de saúde mental. Isso é muito importante.”

Daniele Amar, coordenadora de Psicologia do Núcleo de Saúde Mental da PCERJ, fez questão de prestigiar a palestra do Núcleo da COLPOL/SINDPOL: “Estou muito, muito feliz em ver esse auditório lotado. Que bom. Por favor, falem com os colegas, ajudem a divulgar essas informações. Façam os colegas saberem que sim, a partir de agora nós temos onde buscar apoio. O Núcleo de Saúde Mental da PCERJ está de braços abertos para receber e acolher a quem precisa. Seja lá ou aqui no Núcleo do SINDPOL/COLPOL, façam a informação girar e chegar a quem precisar. Como costumo dizer: é hora de cuidar da gente que cuida da gente.”

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